Apesar de saber que é uma triste realidade, e sim é uma verdade imperativa - são mais as pessoas que têm os cães de determinadas raças para ostentação, do que por qualquer outro motivo (esquecendo o mais importante) - eu tenho um bulldog francês, sempre gostei da raça antes de ser moda e muitas das vezes oiço generalizações do género "Ah, é um bulldog francês. Pois, é o cão da moda.", e sempre com ar de desdém (ou vá-se lá saber de mais o quê). Penso que "generalizar" está a tornar-se "discriminar" de igual modo.
Eu tinha medo de cães, sempre tive. Até dos mais minúsculos, nunca fui habituada com animais e só o toque me era estranho. Mas sempre adorei cães. Tentei em vários canis para tentar adoptar um cão de porte pequeno mas de preferência bebé ou com pouca idade apenas pelo meu medo. Para se habituar a mim desde pequeno, e não "só porque é giro ter cães bebés e é o que toda a gente quer". Posso dizer que todas estas organizações (e agora vou generalizar um pouco) me responderam amargamente, pondo absolutamente de parte o meu receio e a minha preocupação - pois acima de tudo o mais importante para mim era não só perder o medo, mas ter de facto um animal de estimação, com todo o amor, carinho e atenção que tinha para lhe dar. Tudo sem sucesso!
E foi com o meu Simba que perdi o medo, um pequinês (raça nada na moda, por sinal). O meu pipoquinha, independente. Sempre calminho e obediente, sempre no seu espaço e na calma dele. O melhor cão do mundo.
Hoje, já sem medo (embora muito respeito!), tenho os meus dois meninos - o Simba e o Rocky (o tal cão da moda). Não sei se é moda ou não, sei que tem energia até mais não, rói (quase) tudo o que apanha, não me tem respeito nenhum, é a carência em cão, talvez até mesmo o cão mais mimado do mundo. É chato, chato que dói! Deixa pêlo por todo o lado (mas quem aspira 1x aspira 10!).
Mas nunca seria a mesma coisa. Porque na moda ou não, aquele gordo mimado, é a besta mais linda deste mundo. Não me larga quando estou triste (quando estou feliz também não), salta de alegria quando me vê, dá beijos babosos a toda a hora, adormece no colo e deixa que lhe encha aqueles refegos bons do pescoço cheios de beijos. E compensa tudo, acreditem. Também costumo ouvir que estes cães são "lindos de feios" e também tem sempre a culpa, cada vez que vai ao jardim e algum cão se mete com ele (porque supostamente parece perigoso) - mal sabem o coração de manteiga mimado que ele é. Mas ele tem sempre a culpa, pelo seu focinho perigosíssimo e porte atlético.
Por acaso até combina com o sofá, mas mesmo que não combinasse nunca entregaria o meu menino. Doente, irrequieto ou com qualquer outro problema. Cão da moda ou não, e GENERALIZAÇÕES à parte, não é isso que define nem os cães, nem os donos.
Podia estar aqui a escrever todo o dia. E mostrar mil exemplos de abandono com outras raças, e até mesmo rafeiros, mas não quero estar a generalizar. Existem pessoas más e sem noção (ou coração) - ou apenas estúpidas - em todo o lado, independentemente do animal que têm ou da raça deste.
Desculpem o desabafo, mas estou um bocadinho farta de ler e ouvir, em demasia, que lá por ter um bulldog este é, não só, um acessório de moda, como me exclui em absoluto de gostar de outros animais, incluindo rafeiros. Só para ser explícita, porque detesto denominações, para mim são todos animais, são todos iguais, e todos merecem um lar. 🐶🐾
(Isto porque vi esta notícia partilhada uma dezena de vezes no meu mural - e oiço isto vezes e vezes sem conta - com frases e opiniões depreciativas, sempre com a dica de que quem tem rafeiros é que é uma boa alma caridosa e por si só já merece um pedaço do céu. Quem tem cães de raça, não gosta de animais, só quer ostentação!)